segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Terça-feira da 3ª semana da Quaresma - Evangelho (Mt 18,21-35) - 01.03.2016

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Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Mt 18,21-35)

Pedro dirigiu-se a Jesus perguntando: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?» Jesus respondeu: «Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.

»O Reino dos Céus é, portanto, como um rei que resolveu ajustar contas com seus servos. Quando começou o ajuste, trouxeram-lhe um que lhe devia uma fortuna inimaginável. Como o servo não tivesse com que pagar, o senhor mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher, os filhos e tudo o que possuía, para pagar a dívida. O servo, porém, prostrou-se diante dele pedindo: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante disso, o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida.

»Ao sair dali, aquele servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia uma quantia irrisória. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. O companheiro, caindo aos pés dele, suplicava: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei'. Mas o servo não quis saber. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que estava devendo. Quando viram o que havia acontecido, os outros servos ficaram muito sentidos, procuraram o senhor e lhe contaram tudo. Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo malvado, eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti? O senhor se irritou e mandou entregar aquele servo aos carrascos, até que pagasse toda a sua dívida. É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão».

«O senhor teve compaixão, (…) perdoou-lhe a dívida»
Rev. D. Enric PRAT i Jordana 
(Sort, Lleida, Espanha)

Hoje, o Evangelho de Mateus convida-nos a uma reflexão sobre o mistério do perdão, propondo um paralelismo entre o estilo de Deus e o nosso na hora de perdoar.

O homem atreve-se a medir e a levar em conta a sua magnanimidade perdoadora: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?» (Mt 18,21). A Pedro parece-lhe que sete vezes já é muito e que é, talvez, o máximo que podemos suportar. Bem visto, Pedro continua esplêndido, se o compararmos com o homem da parábola que, quando encontrou um companheiro seu que lhe devia cem denários, «Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’» (Mt 18,28), negando-se a escutar a sua súplica e a promessa de pagamento.

Fechadas as contas, o homem, ou se nega a perdoar, ou mede estritamente a medida do seu perdão. Verdadeiramente ninguém diria que receberíamos da parte de Deus um perdão infinitamente reiterado e sem limites. A parábola diz: «o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida» (Mt 18,27). E a divida era muito grande.

Mas a parábola que comentamos põe acento no estilo de Deus na hora de outorgar o perdão. Depois de chamar à ordem o seu devedor em atraso e de o fazer ver a gravidade da situação, deixou-se enternecer repentinamente pelo seu pedido contrito e humilde: «‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante disso, o senhor teve compaixão…» (Mt 18, 26-27). Este episódio põe à vista aquilo que cada um de nós conhece por experiência própria e com profundo agradecimento: que Deus perdoa sem limites ao arrependido e convertido. O final negativo e triste da parábola, contudo, faz honras de justiça e manifesta a veracidade daquela outra sentença de Jesus em Lc 6,38: «Com a medida com que medirdes sereis medidos».

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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Segunda-feira da 3ª semana da Quaresma - Evangelho (Lc 4,24-30) - 29.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Lc 4,24-30)

E acrescentou: «Em verdade, vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. Ora, a verdade é esta que vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e uma grande fome atingiu toda a região, havia muitas viúvas em Israel. No entanto, a nenhuma delas foi enviado o profeta Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel, mas nenhum deles foi curado, senão Naamã, o sírio».

Ao ouvirem estas palavras, na sinagoga, todos ficaram furiosos. Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no para o alto do morro sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de empurrá-lo para o precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

«Nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra»
Rev. P. Higinio Rafael ROSOLEN IVE 
(Cobourg, Ontario, canad)

Hoje, no Evangelho, Jesus nos diz «que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria» (Lc 4,24). Jesus, ao usar este provérbio, está se apresentando como profeta.

“Profeta” é o que fala em nome de outro, o que leva a mensagem de outro. Entre os hebreus, os profetas eram homens enviados por Deus para anunciar, já com palavras, já com signos, a presença de Deus, a vinda do Messias, a mensagem de salvação, de paz e de esperança.

Jesus é o Profeta por excelência, o Salvador esperado; Nele todas as profecias têm cumprimento. Mas, igual como sucedeu nos tempos de Elias E Eliseu, Jesus não é “bem recebido” entre os seus, pois são estes quem cheios de ira «o joga fora da cidade» (Lc 4,29).

Cada um de nós, por motivo de seu batismo, também está chamado a ser profeta. Por isso:

1º. Devemos anunciar a Boa Nova. Para eles, como disse o Papa Francisco, temos que escutar a Palavra com abertura sincera, deixar que toque nossa própria vida, que nos reclame que nos exorte que nos mobilize, pois se não dedicamos um tempo para orar com essa Palavra, então se seremos um “falso profeta”, um “contraventor” ou um “charlatão vazio”.

2º Viver o Evangelho. Novamente o Papa Francisco: «Não nos pedem que sejamos imaculados, mas sim que estejamos sempre em crescimento, que vivamos o desejo profundo de crescer no caminho do Evangelho, e não baixemos os braços». É indispensável ter a segurança de que Deus nos ama, de que Jesus Cristo nos salvou, de que seu amor é para sempre.

3º Como discípulos de Jesus, ser conscientes de que assim como Jesus experimentou a rejeição, a ira, o ser jogado fora, também isto vai estar presente no horizonte de nossa vida cotidiana.

Que Maria, Rainha dos profetas, nos guie em nosso caminho.

«Em verdade, vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra»
Rev. D. Santi COLLELL i Aguirre 
(La Garriga, Barcelona, Espanha)

Hoje escutamos do Senhor que «nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra» (Lc 4,24). Esta frase —na boca de Jesus— tem sido para muitos e muitas —em mais de uma ocasião— justificação e desculpa para não complicar-nos a vida. Jesus Cristo só quer advertir aos seus discípulos que as coisas não serão fáceis e que freqüentemente, entre aqueles que pensamos que nos conhecem melhor, ainda será mais complicado.

A afirmação de Jesus é o preâmbulo da lição que quer dar à gente reunida na sinagoga e assim, abrir os seus olhos à evidencia de que pelo simples feito de serem membros do “Povo escolhido” não têm nenhuma garantia de salvação, cura, purificação (isso o confirmará com os dados da história da salvação).

Mas, dizia que a afirmação de Jesus, para muitas e muitos é, com excessiva freqüência, motivo de desculpa para não “comprometer-nos evangelicamente” no nosso ambiente cotidiano. Sim, é uma daquelas frases que todos aprendemos de memória e, que efeito faz!

Parece como gravada na nossa consciência de maneira particular e quando no escritório, no trabalho, com a família, no circulo de amigos, no nosso meio social quando devemos de tomar decisões compreensíveis à luz do Evangelho, esta “frase mágica” tira-nos para trás como dizendo-nos: —Não vale a pena esforçar-te, nenhum profeta é bem recebido na sua terra! Temos a desculpa prefeita, a melhor das justificações para não ter que dar testemunho, para não apoiar a aquele companheiro que é vitima da gestão da empresa, ou ignorar e não ajudar à reconciliação daquele casal conhecido.

São Paulo dirigiu-se em primeiro lugar aos seus: foi à sinagoga onde «Paulo foi então à sinagoga e, durante três meses, falava com toda liberdade, discutindo e persuadindo os ouvintes acerca do Reino de Deus» (At 19,8). Não acredita que isso é o que Jesus queria dizer-nos?



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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Domingo III (C) da Quaresma - Evangelho (Lc 13,1-9) - 28.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Lc 13,1-9)

Nesse momento, chegaram algumas pessoas trazendo a Jesus notícias a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando o sangue deles com o dos sacrifícios que ofereciam. Ele lhes respondeu: «Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro galileu, por terem sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo».

E Jesus contou esta parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi lá procurar figos e não encontrou. Então disse ao agricultor: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Para que está ocupando inutilmente a terra? ’ Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda este ano. Vou cavar em volta e pôr adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então a cortarás».

«Se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo»
Cardenal Jorge MEJÍA Arquivista e Bibliotecário de la S.R.I. 
(Città del Vaticano, Vaticano)

Hoje, terceiro domingo de Quaresma, a leitura evangélica contem uma chamada à penitência e à conversão. Ou, mais bem, uma exigência de mudar de vida.

“Converter-se” significa, na linguagem do Evangelho, mudar de atitude interior, e também de estilo externo. É uma das palavras mais utilizada no Evangelho. Lembremos que, antes da vinda do Senhor Jesus, São Batista resumia sua predicação com a mesma expressão: «Pregando um batismo de conversão» (Mc 1,4). E, logo depois, a predicação de Jesus se resume com estas palavras: «Convertei-vos e crede na Boa Nova» (Mc 1,15).

Esta leitura de hoje tem, contudo, características próprias, que pedem atenção fiel e resposta conseqüente. Pode-se dizer que a primeira parte, com ambas as referências históricas (o sangue derramado por Pilato e a torre derribada), contem uma ameaça. Impossível chamá-la de outro jeito!: lamentamos as duas desgraças –então sentidas e choradas- mas Jesus Cristo, com muita seriedade, nos diz a todos: «Se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo» (Lc 13,5).

Isto mostra-nos duas coisas. Primeiro, a absoluta seriedade do compromisso cristão. E segundo: de não respeitá-lo como Deus quer, a possibilidade de uma morte, não neste mundo, mas muito pior, no outro: a eterna perdição. As duas mortes do nosso texto não são mais que figuras de outra morte, sem comparação com a primeira.

Cada qual, saberá como esta exigência de mudança se lhe apresenta. Ninguém fica excluído. Se isto causa-nos inquietação, a segunda parte nos consola. O “vinhateiro”, que é Jesus, pede ao dono da vinha, seu Pai, que espere um ano ainda. E, entretanto, Ele fará todo o possível (e o impossível, morrendo por nós) para que a vinha dê fruto. Que dizer, mudemos de vida! Esta é a mensagem da Quaresma. Levemo-lo, então a sério. Os santos –São Inácio, por exemplo, embora tarde em sua vida- por graça de Deus mudam e nos animam a mudar.

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Sábado II da Quaresma - Evangelho (Lc 15,1-3.11-32) - 27.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Lc 15,1-3.11-32):

Todos os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus e os escribas, porém, murmuravam contra ele. «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Então ele contou-lhes esta parábola: E Jesus continuou. «Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha esbanjado tudo o que possuía, chegou uma grande fome àquela região, e ele começou a passar necessidade. Então, foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu sítio cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: «Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’.

»Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos. O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. Colocai-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o, para comermos e festejarmos. Pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa.

»O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. Ele respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque recuperou seu filho são e salvo’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistiu com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Mas quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com as prostitutas, matas para ele o novilho gordo’. Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado».

«Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti»
Rev. D. Llucià POU i Sabater 
(Granada, Espanha)

Hoje vemos a misericórdia, a característica distintiva de Deus Pai, no momento em que contemplamos uma Humanidade “órfã”, porque —esquecida— não sabe que é filha de Deus. Cronin fala de um filho que saiu de casa, esbanjou o dinheiro, a saúde, a honra da sua família... e acabou na prisão. Pouco antes de sair em liberdade, escreveu para casa: se o tivessem perdoado, então que pendurassem um pano branco na macieira, que ficava ao pé da linha do comboio. Se ele visse o pano, voltaria a casa; se não, nunca mais o veriam a ele. No dia em que saiu, ao aproximar-se de casa, nem se atrevia a olhar... Estaria lá, o pano? «Abre os teus olhos!... vê!», diz-lhe um amigo. E então, qual não foi o seu espanto: na macieira não havia apenas um pano branco, mas sim centenas; estava cheia de panos brancos.

Recorda-nos aquele quadro de Rembrandt, no qual se vê como o filho que regressa, fragilizado e esfomeado, é abraçado por um ancião, com duas mãos diferentes: uma mão de pai, que o abraça com força; uma outra de mãe, afetuosa e doce, que o acaricia. Deus é pai e mãe...

«Pai, pequei» (cf. Lc 15,21), queremos nós também dizer, e sentir o abraço de Deus no sacramento da confissão, e participar na festa da Eucaristia: «Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver» (Lc 15,23-24). Assim sendo, já que «Deus nos espera —em cada dia— como aquele pai da parábola esperava o seu filho pródigo» (São Josemaria), percorramos o caminho com Jesus, ao encontro do Pai, onde tudo se torna claro: «o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente» (Concílio Vaticano II).

O protagonista é sempre o Pai. Que o deserto da Quaresma nos leve a interiorizar esta chamada a participar na misericórdia divina, já que viver é regressar ao Pai.

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Sexta-feira da 2ª semana da Quaresma - Evangelho (Mt 21,33-43.45-46) - 26.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Mt 21,33-43.45-46)

«Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, cavou nela um lagar para pisar as uvas e construiu uma torre de guarda. Ele a alugou a uns agricultores e viajou para o estrangeiro. Quando chegou o tempo da colheita, ele mandou os seus servos aos agricultores para receber seus frutos. Os agricultores, porém, agarraram os servos, espancaram a um, mataram a outro, e a outro apedrejaram. Ele ainda mandou outros servos, em maior número que os primeiros. Mas eles os trataram do mesmo modo. Por fim, enviou-lhes o próprio filho, pensando: ‘A meu filho respeitarão’. Os agricultores, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e tomemos posse de sua herança! ’ Então agarraram-no, lançaram-no fora da vinha e o mataram. Pois bem, quando o dono da vinha voltar, que fará com esses agricultores?».

Eles responderam: «Dará triste fim a esses criminosos e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo». Então, Jesus lhes disse: «Nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram, esta é que se tornou a pedra angular. Isto foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’? Por isso vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e entregue a um povo que produza frutos».

Os sumos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas de Jesus e entenderam que estava falando deles. Procuraram prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas o tinham na conta de profeta.

«A pedra que os construtores rejeitaram, esta é que se tornou a pedra angular»
Rev. D. Melcior QUEROL i Solà 
(Ribes de Freser, Girona, Espanha)

Hoje, Jesus, por meio da parábola dos vinhateiros homicidas, fala-nos da infidelidade; compara a vinha com Israel e os vinhateiros com os chefes do povo escolhido. Foi a estes e a toda a descendência de Abraão que tinha sido confiado o Reino de Deus, mas tinham maltratado esta herança: «Por isso vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e entregue a um povo que produza frutos» (Mt 21,43).

No início do Evangelho segundo São Mateus, a Boa Nova parece ser dirigida unicamente a Israel. O povo escolhido, já na Antiga Aliança, tem a missão de anunciar e de levar a salvação a todas as nações. Mas Israel não foi fiel à sua missão. Jesus, o mediador da Nova Aliança, congregará à sua volta os doze Apóstolos, símbolo do “novo” Israel, chamado a dar frutos de vida eterna e a anunciar a todos os povos a salvação.

Este novo Israel é a Igreja, todos os batizados. Nós temos recebido, na pessoa de Jesus e na Sua mensagem, uma graça única que temos que fazer frutificar. Não podemos conformar–nos com uma vivência individualista e fechada à nossa fé; há que comunicá-la e oferecê-la a cada pessoa que está próxima de nós. Daqui decorre que o primeiro fruto é viver a nossa fé no calor da nossa família, bem como no da comunidade cristã. Tal será simples pois «onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18,20).

Mas trata-se de uma comunidade cristã aberta, o que quer dizer que é eminentemente missionária (segundo fruto). Pela força e pela beleza do Ressuscitado “no meio de nós”, a comunidade atrai através todos os seus gestos e atos, e cada um dos seus membros goza da capacidade de envolver homens e mulheres na nova vida do Ressuscitado. E um terceiro fruto consiste em que vivamos na convicção e na certeza de que no Evangelho encontramos a solução para todos os problemas.

Vivamos no santo temor de Deus, para que não aconteça que o Reino de Deus nos seja tirado e dado a outros.

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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Quinta-feira da 2ª semana da Quaresma - Evangelho (Lc 16,19-31) - 25.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Lc 16,19-31)

Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e dava festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, ficava sentado no chão junto à porta do rico. Queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico, mas, em vez disso, os cães vinham lamber suas feridas.

»Quando o pobre morreu, os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe Abraão, com Lázaro ao seu lado. Então gritou: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’. Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que durante a vida recebeste teus bens e Lázaro, por sua vez, seus males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’.

»O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda então Lázaro à casa de meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Que ele os avise, para que não venham também eles para este lugar de tormento’. Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas! Que os escutem! ’ O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão. Mas se alguém dentre os mortos for até eles, certamente vão se converter’. Abraão, porém, lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, mesmo se alguém ressuscitar dos mortos, não acreditarão’».

«Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, mesmo se alguém ressuscitar dos mortos, não acreditarão»
Rev. D. Xavier SOBREVÍA i Vidal 
(Castelldefels, Espanha)

Hoje, o Evangelho é uma parábola que nos descobre as realidades do homem depois da sua morte. Jesus fala-nos do prêmio ou do castigo que obteremos de acordo com o nosso comportamento.

O contraste entre o rico e o pobre é muito forte. O luxo e a indiferença do rico; a situação patética de Lázaro, com os cães a lamber-lhe as feridas (cf. Lc 16,19-21). Tudo isso tem um grande realismo e permite que entremos na cena.

Podemos pensar: onde estaria eu se fosse um dos protagonistas desta parábola? A nossa sociedade recorda-nos, constantemente, como devemos viver bem, com conforto e bem-estar contentes e sem preocupações. Viver para nós próprios, sem nos preocupamos com os outros, ou preocupando-nos apenas o necessário para que a nossa consciência fique tranquila, mas não com um sentido de justiça, amor ou solidariedade.

Hoje se apresenta a necessidade de ouvir a Deus nesta vida, de nos convertermos nela e de aproveitarmos o tempo que Ele nos concede. Deus pede contas. Nesta vida jogamos a vida.

Jesus deixa clara a existência do inferno e descreve algumas das suas características: a pena que sofrem os sentidos —«Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas» (Lc 16,24)— e a sua eternidade —«há um grande abismo entre nós» (Lc 16,26).

São Gregório Magno diz-nos que «se dizem todas estas coisas para que ninguém possa desculpar-se por causa da sua ignorância». Há que despojar-se do homem velho e ser livre para poder amar o próximo. É necessário responder ao sofrimento dos pobres, dos doentes ou dos abandonados. Seria bom que recordássemos esta parábola com frequência para que nos tornemos mais responsáveis pela nossa vida. A todos chegará o momento da morte. E temos que estar sempre preparados, porque um dia seremos julgados.

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Quarta-feira da 2ª semana da Quaresma - Evangelho (Mt 20,17-28) - 24.02.2016


Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Mt 20,17-28)

Subindo para Jerusalém, Jesus chamou os doze discípulos de lado e, pelo caminho, disse-lhes: «Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, açoitá-lo e crucificá-lo. Mas no terceiro dia, ressuscitará».

A mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. Ele perguntou: «Que queres» Ela respondeu: «Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda». Jesus disse: «Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber?» Eles responderam: «Podemos». «Sim», declarou Jesus, «do meu cálice bebereis, mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda não depende de mim. É para aqueles a quem meu Pai o preparou».

Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com os dois irmãos. Jesus, porém, chamou-os e disse: «Sabeis que os chefes das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos».

«Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve»
Rev. D. Francesc JORDANA i Soler 
(Mirasol, Barcelona, Espanha)

Hoje, a Igreja — inspirada pelo Espírito Santo— nos propõe neste tempo de Quaresma um texto onde Jesus sugere aos seus discípulos —e, portanto, também a nós— uma mudança de mentalidade. Jesus hoje inverte as visões humanas e terrenas de seus discípulos e lhes abre um novo horizonte de compreensão sobre qual deve ser o estilo de vida de seus seguidores.

Nossas inclinações naturais nos movem ao desejo de dominar as coisas e as pessoas, mandar e dar ordens, que seja feito o que nós gostamos, que as pessoas nos reconheçam um status, uma posição. Pois bem, o caminho que Jesus nos propõe é o oposto: «Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo» (Mt 20,26-27). “Servidor”, “escravo”: não podemos ficar no enunciado das palavras! As escutamos centena de vezes, e devemos ser capazes de entrar em contacto com a realidade, saber o que significa, e confrontar tal realidade com nossas atitudes e comportamentos.

O Concilio Vaticano II afirma que «o homem adquire sua plenitude através do serviço e a entrega aos demais». Neste caso, nos parece que damos a vida, quando realmente a estamos encontrando. O homem que não vive para servir não serve para viver. E nesta atitude, nosso modelo é o próprio Cristo — o homem plenamente homem— pois «Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos» (Mt 20,28).

Ser servidor, ser escravo, tal e como Jesus nos pede é impossível para nós. Está fora do alcance de nossa pobre vontade: devemos implorar; esperar e desejar intensamente que nos concedam esses dons. A Quaresma e suas práticas quaresmais —jejum, esmola e oração— nos lembram que para receber esses dons nós devemos dispor adequadamente.

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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Terça-feira da 2ª semana da Quaresma - Evangelho (Mt 23,1-12) - 23.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje

Evangelho (Mt 23,1-12)

Depois, Jesus falou às multidões e aos discípulos: «Os escribas e os fariseus sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo. Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros, usam faixas bem largas com trechos da Lei e põem no manto franjas bem longas. Gostam do lugar de honra nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, de serem cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de ‘Rabi’.

»Quanto a vós, não vos façais chamar de ‘Rabi’, pois um só é vosso Mestre e todos vós sóis irmãos. Não chameis a ninguém na terra de ‘pai’, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é o vosso Guia, o Cristo. Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado».

«Um só é vosso Mestre; um só é vosso Pai; um só é o vosso Guia»
Pbro. Gerardo GÓMEZ 
(Merlo, Buenos Aires, Argentina)

Hoje, mais do que nunca, devemos trabalhar pela nossa salvação pessoal e comunitária, como diz São Paulo, com respeito e seriedade, já que «É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação» (2Cor 6,2). O tempo quaresmal é uma oportunidade sagrada dada pelo nosso Pai para que, numa atitude de profunda conversão, revitalizemos nossos valores pessoais, reconheçamos nossos erros e nos arrependamos de nossos pecados, de maneira que nossa vida se transforme —pela ação do Espírito Santo— numa vida mais plena e madura.

Para adequar nossa conduta à do Senhor Jesus é fundamental um gesto de humildade, como diz o Papa Bento XVI: «Reconheço-me por aquilo que sou, uma criatura frágil, feita de terra e destinada à terra, mas também feita à imagem de Deus e destinada a Ele».

Na época de Jesus, havia muitos “modelos" que oravam e agiam para serem vistos, para serem reverenciados: pura fantasia, personagens de papelão, que não podiam estimular o crescimento e a madurez dos seus vizinhos. Suas atitudes e condutas não mostravam o caminho que conduz a Deus; «Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam» (Mt 23,3).

A sociedade atual também nos apresenta uma infinidade de modelos de conduta que abocam a uma existência vertiginosa, aloucada, debilitando o sentido de transcendência. Não deixemos que esses falsos referentes nos façam perder de vista o verdadeiro Mestre: «Um só é vosso Mestre; (...) um só é vosso Pai; (...) um só é o vosso Guia: Cristo» (Mt 23,8.9.10).

Aproveitemos a quaresma para fortalecer nossas convicções como discípulo de Jesus Cristo. Procuremos ter momentos sagrados de “deserto”, onde nos reencontremos com nós mesmos e, com o verdadeiro modelo e mestre. E diante às situações concretas nas que muitas vezes não sabemos como reagir poderíamos nos perguntar: Que diria Jesus? Como agiria Jesus?

«Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench 
(Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje Jesus chama-nos a dar testemunho de vida cristã com o exemplo, da coerência de vida e da retitude da intenção. O Senhor, referindo-se aos mestres da Lei e aos fariseus, diz-nos: «Não imiteis sua ações. Pois eles falam e não praticam» (Mt 23,3). É uma acusação terrível!

Todos temos experiência do mal e do escândalo —desorientação das almas— que causa o “anti-testemunho” quer dizer, o mau exemplo. À vez também todos lembramos o bem que nos fizeram os bons exemplos que vimos ao largo de nossas vidas. Não esqueçamos o que afirma a dita popular «vale mais uma imagem que mil palavras». Em definitiva, «hoje mais do que nunca, a Igreja tem consciência de que a sua mensagem social será aceite pelo testemunho das obras, mais do que pela sua coerência e lógica interna» (João Paulo II).

Uma modalidade do mau exemplo especialmente perniciosa para a evangelização é a falta de coerência de vida. Um apóstolo do terceiro milênio, que está chamado à santidade no meio da gestão dos assuntos temporais, deve de ter presente que «só a relação entre uma verdade consequente consigo mesma e seu cumprimento na vida pode fazer brilhar aquela evidência da fé esperada pelo coração humano; só através desta porta (da coerência) entrará o Espírito no mundo» (Bento XVI).

Por fim, Jesus lamenta aqueles que «fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros» (Mt 23,5). A autenticidade da nossa vida de apóstolos de Cristo exige a retidão de intenção. Temos de agir, sobretudo por amor a Deus, para a glória do Pai. Assim como o podemos ler no Catecismo da Igreja, «Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado para servir e amar a Deus e para oferecer-lhe toda a criação». Esta é a nossa grandeza: servir a Deus como filhos seus!



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domingo, 21 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: 22 de fevereiro: A Cátedra de São Pedro, apóstolo - Evangelho (Mt 16,13-19) - 22.02.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Mt 16,13-19)

Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos discípulos: «Quem é que as pessoas dizem ser o Filho do Homem?». Eles responderam: «Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; outros ainda, Jeremias ou algum dos profetas».«E vós”, retomou Jesus, “quem dizeis que eu sou?». Simão Pedro respondeu: «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo».

Jesus então declarou: «Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus».

«Eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja.»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench 
(Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, celebramos a Cátedra de São Pedro. Pretende-se destacar com esta celebração, o fato de que – como um dom de Jesus Cristo para nós — o edifício da Igreja se apoia sobre o Príncipe dos Apóstolos, que goza de uma ajuda divina peculiar para realizar essa missão. Assim o manifestou o Senhor em Cesareia de Filipo: «Eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja» (Mt 16,18). Efetivamente, «só Pedro foi escolhido para ser posto à frente da vocação de todas as nações, de todos os Apóstolos e de todos os padres da Igreja» (São Leão Magno).

A Igreja beneficiou, desde o seu início, do ministério petrino, de modo que São Pedro e os seus sucessores presidiram a caridade, foram fonte de unidade e tiveram, muito especialmente, a missão de confirmar na verdade os seus irmãos.

Jesus, uma vez ressuscitado, confirmou esta missão a Simão Pedro. Ele, que já tinha chorado, profundamente arrependido, a sua tríplice negação de Jesus, faz agora uma tripla manifestação de amor: «Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo» (Jo 21,17). Então o Apóstolo viu com alívio como Jesus não o desdisse e o confirmou, por três vezes, no ministério que antes lhe tinha anunciado: «Cuida das minhas ovelhas» (Jo 21,16.17).

Esta potestade não resulta de mérito próprio, como tão pouco o fora a declaração de fé de Simão em Cesareia: «Não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu» (Mt 16,17). Sim, trata-se de uma autoridade com potestade suprema, recebida para servir. É por isso que o Romano Pontífice, quando assina os seus escritos, o faz com o seguinte título honorífico: Servus servorum Dei.

Trata-se, portanto, de um poder para servir a causa da unidade, fundamentada sobre a verdade. Façamos o propósito de rezar pelo Sucessor de Pedro, de prestar delicada atenção às suas palavras e de agradecer a Deus esta grande dádiva.

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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Domingo II (C) da Quaresma - Evangelho (Lc 9,28-36) - 21.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje

Evangelho (Lc 9,28-36)

Uns oito dias depois destas palavras, Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para orar. Enquanto orava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou branca e brilhante. Dois homens conversavam com ele: eram Moisés e Elias. Apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a saída deste mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém.

Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Quando acordaram, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. E enquanto esses homens iam se afastando, Pedro disse a Jesus: «Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias». Nem sabia o que estava dizendo. Estava ainda falando, quando desceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Ao entrarem na nuvem, os discípulos ficaram cheios de temor. E da nuvem saiu uma voz que dizia: «Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!». Enquanto a voz ressoava, Jesus ficou sozinho. Os discípulos ficaram calados e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto.

«Jesus subiu à montanha para orar»
Rev. D. Jaume GONZÁLEZ i Padrós 
(Barcelona, Espanha)

Hoje, segundo Domingo da Quaresma, a liturgia da palavra traz-nos invariavelmente o episódio evangélico da Transfiguração do Senhor. Este ano, com os matizes próprios de São Lucas.

O terceiro evangelista é quem mais salienta o Jesus orante, o Filho que está permanentemente unido ao Pai através da oração pessoal, às vezes íntima, escondida, outras vezes na presença dos Seus discípulos, cheia da alegria do Espírito Santo.

Consideremos, então, que Lucas é o único dos sinópticos que começa a narração deste relato assim: «Jesus (...) subiu à montanha para orar» (Lc 9,28), e que, portanto, também é o que especifica que a transfiguração do Mestre se produziu «Enquanto orava» (Lc 9,29). Este não é um fato de importância secundária.

A oração é apresentada como o contexto, natural, para a visão da glória de Cristo: quando Pedro, João e Tiago acordaram, «viram a glória de Jesus» (Lc 9,32). Não só a glória dele, mas também a glória que Deus já manifestara na Lei e nos Profetas; estes —diz o evangelista— «Apareceram revestidos de glória» (Lc 9,31). Efetivamente, também eles encontram o próprio esplendor quando o Filho fala ao Pai no amor do Espírito. Assim, no coração da Trindade, a Páscoa de Jesus, «a saída deste mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém» (Lc 9,31) é o sinal que manifesta o desígnio de Deus desde sempre, levado a cabo no seio da história de Israel, até ao seu cumprimento definitivo na plenitude dos tempos, na morte e ressurreição de Jesus, o Filho encarnado.

Convém-nos recordar, nesta Quaresma e sempre, que só deixando aflorar o Espírito de piedade na nossa vida, estabelecendo com o Senhor uma relação familiar, inseparável, poderemos gozar a contemplação da sua glória. É urgente deixarmo-nos impressionar pela visão do rosto do Transfigurado. À nossa vivência cristã, talvez sobrem palavras e falte espanto, aquele que fez de Pedro e dos seus companheiros testemunhas autênticas do Cristo vivo.

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Sábado I da Quaresma - Evangelho (Mt 5,43-48) - 20.02.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Mt 5,43-48)

«Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Ora, eu vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem!. Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito».

«Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem»
Rev. D. Joan COSTA i Bou 
(Barcelona, Espanha)

Hoje, o Evangelho exorta-nos ao mais perfeito amor. Amar é querer o bem do outro e nisto se baseia a nossa realização pessoal. Não amamos para procurar o nosso bem, mas sim o bem de quem amamos, e assim fazendo crescemos como pessoas. O ser humano, como afirmou o Concílio Vaticano II, «não pode encontrar a sua plenitude senão na entrega sincera de si mesmo aos outros». A isso se referia Santa Teresa do Menino Jesus quando pedia para fazermos da nossa vida um holocausto. O amor é a vocação humana. Todo o nosso comportamento, para ser verdadeiramente humano, deve manifestar a realidade do nosso ser, realizando a vocação do amor. Como escreveu João Paulo II, «o homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si mesmo um ser incompreensível, a sua vida fica privada de sentido se não se lhe revela o amor, se não se encontra com o amor, se não o experimenta e o faz próprio, se não participa nele vivamente».

O amor tem o seu fundamento e a sua plenitude no amor de Deus em Cristo. A pessoa é convidada a um diálogo com Deus. Cada um existe pelo amor de Deus que o criou e pelo amor de Deus que o conserva, «e só pode dizer-se que vive na plenitude da verdade quando reconhece livremente este amor e se confia totalmente ao seu Criador» (Concílio Vaticano II): esta é a razão mais alta da sua dignidade. O amor humano deve, portanto, ser custodiado pelo Amor divino, que é a sua fonte, nele encontra o seu modelo e nele é levado à plenitude. Portanto, o amor, quando é verdadeiramente humano, ama com o coração de Deus e abraça incluso os inimigos. Se não é assim, não se ama de verdade. Daqui decorre que a exigência do dom sincero de si mesmo se torne um preceito divino: «Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5,48).

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Sexta-feira da 1ª semana da Quaresma - Evangelho (Mt 5,20-26) - 19.02.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Mt 5,20-26)

Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu. Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo. Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar 'imbecil' será réu diante do Conselho; e quem lhe chamar 'louco' será réu da Geena do fogo.

»Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta. Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que ele te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.»

«Deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão»
Fr. Thomas LANE 
(Emmitsburg, Maryland, Estados Unidos)

Hoje, o Senhor, ao falar-nos do que se passa nos nossos corações, incita-nos à conversão. O mandamento diz-nos «Não matarás» (Mt 5,21), mas Jesus recorda-nos que existem outras formas de matar a vida nos outros. Podemos fazê-lo abrigando no nosso coração uma ira excessiva contra eles, ou tratando-os sem respeito e de forma insultuosa («imbecil»; «louco»: cf. Mt 5,22).

O Senhor chama-nos a ser pessoas íntegras: «Deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão» (Mt 5,24), querendo dizer-nos que a fé que professamos quando celebramos a Liturgia deve influenciar a nossa vida quotidiana e determinar a nossa conduta. Portanto, Jesus pede-nos que nos reconciliemos com os nossos inimigos. Um primeiro passo no caminho da reconciliação é orar pelos nossos inimigos, como Jesus solicitou. E se tal nos parecer difícil, então será bom recordar imaginando, na nossa mente, Jesus Cristo morrendo por aqueles de quem não gostamos. Se fomos seriamente prejudicados por outros, oremos para que cicatrizem as recordações dolorosas e para que obtenhamos a graça de os perdoarmos. E, de cada vez que orarmos, peçamos ao Senhor que revisite conosco o tempo e o lugar da ferida —substituindo-a com o Seu amor— para que assim sejamos livres para poder perdoar.

Nas palavras de Bento XVI, «se queremos apresenta-nos perante Ele, também devemos pôr-nos a caminho no sentido de nos encontrarmos uns com os outros. Para isso, é necessário aprender a grande lição do perdão: não deixar que o ressentimento se instale no nosso coração, mas sim abri-lo à magnanimidade da escuta do outro, abri-lo à compreensão, à eventual aceitação dos seus pedidos de desculpa e à generosa oferta dos nossos próprios».

«Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu»
Rev. D. Joaquim MESEGUER García 
(Sant Quirze del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, Jesus chama-nos a irmos para lá da legalidade: «Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu» (Mt 5,20). A Lei de Moisés aponta o mínimo necessário para garantir a convivência; mas o cristão, instruído por Jesus Cristo e cheio do Espírito Santo, deve procurar superar este mínimo para chegar ao máximo do amor possível. Os doutores da Lei e os fariseus eram cumpridores estritos dos mandamentos; ao rever a nossa vida, qual de nós poderia dizer o mesmo? Andemos com cuidado, por tanto, para não menosprezar sua vivência religiosa.

O que hoje Jesus nos ensina é a não darmos como certo o fato de que se cumprirmos esforçadamente determinados requisitos possamos reclamar méritos a Deus, como faziam os doutores da Lei e os fariseus. De preferência, devemos por a ênfase no amor a Deus e aos nossos irmãos, amor esse que nos leva para lá da Lei fria e a reconhecer as nossas faltas numa conversão sincera.

Há quem diga: “Eu sou bom porque não roubo, nem mato, nem faço mal a ninguém”; mas Jesus diz-nos que isto não é suficiente, pois existem outras formas de roubar ou matar. Podemos matar as ilusões do outro, podemos menosprezar o próximo, anulá-lo ou deixá-lo marginalizado, podemos ter-lhe rancor; e tudo isto é matar, não com uma morte física, mas com uma morte moral e espiritual.

No decorrer da nossa vida podemos encontrar muitos adversários, mas o pior de todos eles somos nós próprios quando nos afastamos do caminho do Evangelho. Por isso mesmo, na procura da reconciliação com os irmãos, devemos, em primeiro lugar, estar reconciliados conosco. Santo Agostinho diz-nos: «Enquanto fores adversário de ti próprio, a Palavra de Deus será tua adversária. Torna-te amigo de ti mesmo e te reconciliarás com ela».

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Quinta-feira da 1ª semana da Quaresma - Evangelho (Mt 7,7-12) - 18.02.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
Meditando o Evangelho de hoje

Evangelho (Mt 7,7-12)

«Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á. E qual de entre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas».

«Aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra»
Rev. D. Joaquim MESEGUER García 
(Sant Quirze del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, Jesus nos fala da necessidade e do poder da oração. Não podemos entender a vida cristã sem relação com Deus, nesta relação, a oração ocupa um lugar central. Enquanto vivemos neste mundo, os cristãos nos encontramos num caminho de peregrinação, mas a oração nos aproxima de Deus, nos abre as portas de seu amor imenso e nos antecipa as delicias do céu. Por isso, a vida cristã é uma contínua petição e busca: «Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês!» (Mt 7,7),nos diz Jesus.

Ao mesmo tempo, a oração vai transformando o coração de pedra num coração de carne: «Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus filhos, quanto mais o Pai de vocês que está no céu dará coisas boas aos que lhe pedirem» (Mt 7,11). O melhor resumo que podemos pedir a Deus está no Pai Nosso: «venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu» (cf. Mt 6,10). Portanto, não podemos pedir na oração qualquer coisa, que não seja realmente um bem. Ninguém deseja um dano para si mesmo; por isso, não podemos querer para os outros.

Há quem se queixa de que Deus no lhe escuta, porque não vê os resultados de imediatamente ou porque pensa que Deus não lhe ama. Nesse caso, não nos fará mal recordar este conselho de São Jerônimo: «É verdade que Deus dá a quem pede, que quem busca encontra, e a quem chama lhe abrem: se vê claramente que aquele que não recebeu que não encontrou, nem lhe abriram, é porque não pediu bem, não buscou bem, nem chamou bem à porta». Peçamos então em primeiro lugar a Deus que faça como que o nosso coração seja bom como o de Jesus Cristo.

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Dia Litúrgico: Quarta-feira da 1ª semana da Quaresma - Evangelho (Lc 11,29-32) - 17.02.2016


Meditando o Evangelho de hoje

Evangelho (Lc 11,29-32)

E, ajuntando-se a multidão, começou a dizer: «Maligna é esta geração; ela pede um sinal; e não lhe será dado outro sinal, senão o sinal do profeta Jonas; Porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o Filho do homem o será também para esta geração. A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; pois até dos confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão; e eis aqui está quem é maior do que Salomão. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; pois se converteram com a pregação de Jonas; e eis aqui está quem é maior do que Jonas».

«Assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o Filho do homem o será também para esta geração»
Fr. Roger J. LANDRY 
(Hyannis, Massachusetts, Estados Unidos)

Hoje, Jesus nos diz que o sinal que dará à “geração malvada”, de fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração (cf. Lc 11,30). Da mesma maneira que Jonas deixou que o lançasse pela margem para acalmar a tempestade que ameaçava com afundá-los — e, assim, salvar a vida da tripulação—, do mesmo modo que Jesus permitiu que o lançassem pela margem para acalmar as tempestades do pecado que põem em perigo nossas vidas. E, de igual forma que Jonas passou três dias no ventre da baleia antes que esta o vomitara são e salvo a terra, assim Jesus passaria três dias no seio da terra antes de abandonar a tumba (cf. Mt 12,40).

O sinal que Jesus dará aos “malvados” de cada geração é sua morte e ressurreição. Sua morte, aceita livremente, é o sinal do incrível amor de Deus por nós: Jesus deu sua vida para salvar a nossa. E sua ressurreição de entre os mortos é o sinal de seu divino poder. Trata-se do sinal mais poderoso e comovedor jamais dado.

Mas, Jesus é também a sinal de Jonas em outro sentido. Jonas foi um ícone e um meio de conversação. Quando em sua prédicas «Jonas entrou na cidade e começou a percorrê-la, caminhando um dia inteiro. Ele dizia: «Dentro de quarenta dias, Nínive será destruída!» (Jon 3,4) adverte aos ninivitas pagãos, estes se convertem, pois todos eles — desde o rei até as crianças e animais— se cobrem com serapilheira e cinzas. No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas.” (cf. Lc 11,32) predicando a conversão a todos nós: Ele o próprio Jesus. Portanto, nossa conversão deveria ser igualmente exaustiva.

«Pois Jonas era um servente», escreve São João Crisóstomo na pessoa de Jesus Cristo, «mas eu sou o Mestre; e ele foi jogado pela baleia, mas eu ressuscitei dos mortos; e ele proclamava a destruição, mas vim a predicar a Boas Novas e o Reino».

Na semana passada, na quarta-feira de Cinza, nos cobrimos com cinza, e cada um escutou as palavras da primeira homilia de Jesus cristo, «O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia» (cf. Mc 1,15). A pergunta que devemos fazer-nos é: — Respondido já com uma profunda conversão como a dos ninivitas e abraçado aquele Evangelho?

«Eis aqui está quem é maior do que Salomão (...) e eis aqui está quem é maior do que Jonas»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench
(Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje, o Evangelho nos convida a centrar nossa esperança no mesmo Jesus Cristo. O próprio João Paulo II escreveu que «não será uma Fórmula a salvar-nos, mas uma Pessoa, e a certeza que Ela nos infunde: ‘Eu estarei convosco!’».

Deus — que é Pai— não nos abandonou: «O cristianismo é graça, é a surpresa de um Deus que, não satisfeito com criar o mundo e o homem, saiu ao encontro da sua criatura» (João Paulo II).

Encontramo-nos começando a Quaresma: Não deixemos passar a oportunidade que nos oferece a Igreja: «É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação» (2Cor 6,2) Depois de contemplar na Paixão o rosto doloroso de Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda pediremos mais sinais de seu amor? «Aquele que não cometeu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de Deus» (2Cor 5,21). Mais ainda: «Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como é que, com ele, não nos daria tudo?» (Rom 8,32). Ainda queremos mais sinais?

No rosto ensanguentado de Cristo « Eis aqui está quem é maior do que Salomão (...) e eis aqui está quem é maior do que Jonas» (Lc 11,31-32). Este rosto sofrido da hora extrema, da hora da Cruz é «Mistério no mistério, diante do qual o ser humano pode apenas prostrar-se em adoração. De fato, «Para transmitir ao homem o rosto do Pai, Jesus teve não apenas de assumir o rosto do homem, mas de tomar inclusivamente o ”rosto” do pecado» (João Paulo II). Queremos mais sinais?

«Eis o homem!» (Jo 19,5): Eis aqui o grande sinal. Contemplemo-lo desde o silêncio do “deserto” da oração: «O que todo cristão deve fazer em qualquer tempo [rezar], agora deve fazê-lo com mais solicitude e com mais devoção: assim cumpriremos a instituição apostólica dos quarenta dias» (São Leão Magno, papa).

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Dia Litúrgico: Terça-feira da 1ª semana da Quaresma - Evangelho (Mt 6,7-15) - 16.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje

Evangelho (Mt 6,7-15)

«E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.

»Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso de cada dia nos dá hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas».

«E, orando, não useis de vãs repetições, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário»
Rev. D. Joaquim FAINÉ i Miralpech 
(Tarragona, Espanha)

Hoje, Jesus –que é o Filho de Deus- me ensina a me comportar como um filho de Deus. O primeiro ponto é a confiança quando falo com Ele. Mas o Senhor adverte: «Quando orardes, não useis de muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras» (Mt 6,7). Porque os filhos, quando falam com os pais, não usam raciocínios complicados, nem muitas palavras, mas com simplicidade pedem tudo aquilo que precisam. Sempre tenho a confiança de ser ouvido porque Deus –que é Pai- me ama e escuta. De fato, orar não é informar a Deus, mas pedir-lhe tudo o que preciso, já que «vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes» (Mt 6,8). Não seria um bom cristão se não oro, como não pode ser bom filho quem não fala habitualmente com seus pais.

O Pai Nosso é a oração que Jesus mesmo nos ensinou, e é um resumo da vida cristã. Cada vez que rezo ao Pai, nosso, deixo-me levar de sua mão e lhe peço aquilo que preciso cada dia para ser melhor filho de Deus. Preciso, não somente o pão material, mas —sobretudo— o Pão do Céu. «Peçamos que nunca nos falte o Pão da Eucaristia» Também aprender a perdoar e a ser perdoados: «Para poder receber o perdão que Deus nos oferece, dirijamo-nos ao Pai que nos ama», dizem as formulas introdutórias ao Pai Nosso da Missa.

Durante a Quaresma, a Igreja me pede para aprofundar na oração. «A oração é conversar com Deus, é o bem maior, porque constitui (...) uma união como Ele» (São João Crisóstomo). Senhor, preciso aprender a rezar e obter conseqüências concretas na minha vida. Sobretudo, para viver a virtude da caridade: a oração me da força para viver cada dia melhor. Por isso, peço diariamente que me ajude a desculpar tanto as pequenas chatices dos outros, como perdoar as palavras e atitudes ofensivas e, sobretudo, a não ter rancores, e assim poder dizer-lhe sinceramente que perdôo de todo coração a quem me tem ofendido. Conseguirei, porque em todo momento me ajudará a Mãe de Deus.

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domingo, 14 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Segunda-feira da 1ª semana da Quaresma - Evangelho (Mt 25,31-46) - 15.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje

Evangelho (Mt 25,31-46)

«Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, ele se assentará em seu trono glorioso. Todas as nações da terra serão reunidas diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me’. Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede, e te demos de beber? Quando foi que te vimos como forasteiro, e te recebemos em casa, sem roupa, e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’. Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade, vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’.

»Depois, o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. Pois eu estava com fome, e não me destes de comer; com sede, e não me destes de beber; eu era forasteiro, e não me recebestes em casa; nu, e não me vestistes; doente e na prisão, e não fostes visitar-me. E estes responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso, e não te servimos?’ Então, o Rei lhes responderá: ‘Em verdade, vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses mais pequenos, foi a mim que o deixastes de fazer!’ E estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna».

«Todas as vezes que não fizestes isso a um desses mais pequenos, foi a mim que o deixastes de fazer!»
Rev. D. Joaquim MONRÓS i Guitart 
(Tarragona, Espanha)

Hoje é-nos recordado o juízo final, «quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos» (Mt 25.31), e é-nos sublinhado que dar de comer, beber, vestir… resultam obras de amor para um cristão, quando ao fazê-las se sabe ver nelas o próprio Cristo.

Diz São João da Cruz: «À tarde te examinarão no amor. Aprende a amar a Deus como Deus quer ser amado e deixa a tua própria condição». Não fazer uma coisa que tem que ser feita, em serviço dos outros filhos de Deus e nossos irmãos, supõe deixar Cristo sem estes detalhes de amor devido: pecados de omissão.

O Concilio Vaticano II, e a Gaudium et spes, ao explicar as exigências da caridade cristã, que dá sentido à chamada assistência social, diz: «Sobretudo em nossos dias, urge a obrigação de nos tornarmos o próximo de todo e qualquer homem, e de o servir efetivamente quando vem ao nosso encontro, quer seja o ancião, abandonado de todos, ou o operário estrangeiro injustamente desprezado, ou o exilado, ou o filho duma união ilegítima que sofre injustamente por causa dum pecado que não cometeu, ou o indigente que interpela a nossa consciência, recordando a palavra do Senhor: «todas as vezes que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes» (Mt 25,40)»

Recordemos que Cristo vive nos cristãos… e diz-nos: «Eu estou convosco todos os dias até ao fim do mundo» (Mt 28,20).

O IV Concilio de Latrão define o juízo final como verdade de fé: «Jesus Cristo há-de vir no fim do mundo, para julgar os vivos e os mortos, e para dar a cada um segundo as suas obras, tanto aos condenados como aos eleitos (…) para receber segundo as suas obras, boas ou más: aqueles com o diabo castigo eterno, e estes com Cristo glória eterna».

Peçamos a Maria que nos ajude nas ações de serviço a seu Filho nos irmãos.

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Domingo I (C) da Quaresma - Evangelho (Lc 4,1-13) - 14.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Lc 4,1-13)

E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto; E quarenta dias foi tentado pelo diabo, e naqueles dias não comeu coisa alguma; e, terminados eles, teve fome. E disse-lhe o diabo: «Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão». E Jesus lhe respondeu, dizendo: «Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus».

E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: « Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu». E Jesus, respondendo, disse-lhe: «Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás».

Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: «Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; Porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem, E que te sustenham nas mãos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra. E Jesus, respondendo, disse-lhe: «Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus». E, acabando o diabo toda a tentação, ausentou-se dele por algum tempo.

«Foi levado pelo Espírito ao deserto; E quarenta dias foi tentado pelo diabo»
P. Josep LAPLANA OSB Monje de Montserrat 
(Montserrat, Barcelona, Espanha)

Hoje Jesus, «cheio do Espírito Santo» (Lc 4,1), introduz-se no deserto, longe dos homens, para experimentar de forma imediata e sensível a sua dependência absoluta do Pai. Jesus sente-se agredido pela fome e esse momento de desfalecimento é aproveitado pelo Maligno, que lhe tenta com a intenção de destruir o núcleo da identidade de Jesus como Filho de Deus: sua adesão substancial e incondicional ao Pai. Com os olhos postos em Cristo, vencedor do mal, hoje os cristãos nos sentimos estimulados a entrar no caminho da Quaresma. Nos leva a isso o desejo de autenticidade: ser plenamente aquilo que somos: discípulos de Jesus e, com Ele, filhos de Deus. Por isso queremos aprofundar na nossa adesão a Jesus Cristo e ao seu programa de vida que é o Evangelho: «nem só de pão viverá o homem» (Lc 4,4).

Como Jesus no deserto, armados com a sabedoria da Escritura, sentimo-nos chamados a proclamar no nosso mundo consumista que o homem está desenhado a escala divina e que só pode saciar sua fome de felicidade quando abre de par em par as portas da sua vida a Jesus Cristo Redentor do homem. Isso comporta vencer multidão de tentações que querem diminuir nossa vocação humano-divino. Com o exemplo e com a força de Jesus tentado no deserto, desmascaremos as muitas mentiras sobre o homem que se dizem sistematicamente desde os meios de comunicação social e desde o meio ambiente pagão onde vivemos.

São Bento dedica o capítulo 49 da sua Regra a “Da observância da quaresma” e exorta a “apagarem nestes dias santos as negligências dos outros tempos (...), dando-nos à oração com lágrimas, à leitura, à compunção do coração e à abstinência (...),a oferecer cada um alguma coisa a Deus, de espontânea vontade, com a alegria do Espírito Santo(...) e a esperar com desejo espiritual a Santa Páscoa».

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Sábado depois de Cinzas - Evangelho (Lc 5,27-32) - 13.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Lc 5,27-32)

E, depois disto, saiu, e viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe: «Segue-me». E ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu. E fez-lhe Levi um grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que estavam com eles à mesa. E os escribas deles, e os fariseus, murmuravam contra os seus discípulos, dizendo: «Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?» E Jesus, respondendo, disse-lhes: «Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento».

«Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores»
Rev. D. Joan Carles MONTSERRAT i Pulido 
(Cerdanyola del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje vemos como avança a Quaresma e a intensidade da conversão a que o Senhor nos chama. A figura do apóstolo e evangelista Mateus é muito representativa daqueles que podemos chegar a pensar que por causa do nosso historial, ou pelos pecados pessoais ou por situações complicadas, é difícil que o Senhor repare em nós para colaborarmos com Ele.

Pois bem, Jesus Cristo, para nos tirar de toda a dúvida põe-nos como primeiro evangelista um cobrador de impostos Levi, a quem diz sem rodeios: «Segue-me» (Lc 5,27). Fez, com ele exatamente o contrario daquilo que a mentalidade “prudente” poderia esperar. Hoje procuramos ser “politicamente corretos”, Levi —pelo contrário— vinha de um mundo que tinha repulsa pelos seus compatriotas, pois consideravam-no, apenas por ele ser publicano, colaboracionista dos romanos e possivelmente fraudulento com as “comissões”, o que afogava os pobres ao cobrar-lhes os impostos, em fim, um pecador público.

Aos que se consideravam perfeitos não se lhes passava pela cabeça que Jesus não apenas os chamaria a segui-lo, nem muito menos apenas a sentarem-se à mesma mesa.

Mas com esta atitude, ao escolhe-lo, Nosso Senhor Jesus Cristo diz-nos que é mais deste tipo de gente de quem gosta de se servir para estender o seu Reino; escolheu os malvados, os pecadores, e os que não se consideram justos: «Para confundir os fortes, escolheu os que são débeis aos olhos do mundo» (1Cor 1,27). São estes os que necessitam de médico, e sobretudo, são eles os que compreenderão que os outros o necessitam.

Devemos pois evitar pensar que Deus quer expedientes limpos e imaculados para O servir. Este expediente apenas o preparou para a Nossa Mãe. Mas para nós, sujeitos da salvação de Deus e protagonistas da Quaresma, Deus quer um coração contrito e humilhado. Precisamente, «Deus escolheu-te débil para te dar o seu próprio poder» (Sto. Agostinho). Estse é o tipo de gente que, como diz o salmista, Deus não menospreza.

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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Dia Litúrgico: Sexta-feira depois de Cinza - Evangelho (Mt 9,14-15) - 12.02.2016

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Meditando o Evangelho de hoje


Evangelho (Mt 9,14-15)

Então, chegaram ao pé dele os discípulos de João, dizendo: Por que jejuamos nós e os fariseus muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam? E disse-lhes Jesus: «Podem porventura andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão, em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão».

«Dias, porém, virão, em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão»
Rev. D. Xavier PAGÉS i Castañer 
(Barcelona, Espanha)

Hoje, primeira sexta-feira da Quaresma, tendo feito jejum e a abstinência da quarta-feira de Cinza, procuramos oferecer o jejum e o Santo Rosário pela paz, que é tão urgente no nosso mundo. Nós estamos dispostos a ter cuidado com este exercício quaresmal que a Igreja, Mãe e Mestra, nos pede que observemos e, ao recordar o que o mesmo Senhor disse: «Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar de luto, enquanto o noivo está com eles? Mas chegarão dias em que o noivo será tirado do meio deles. Aí então eles vão jejuar» (Mt 9,15). Temos o desejo de vivê-lo não só como o cumprimento de um critério ao que estamos obrigados, e —sobretudo— procurando chegar a encontrar o espírito que nos conduz a viver esta prática quaresmal e que nos ajudará em nosso progresso espiritual.

Em busca deste sentido profundo, podemos perguntar: qual é o verdadeiro jejum? Já o profeta Isaías, na primeira leitura de hoje, comenta qual é o jejum que Deus aprecia: «Comparte com o faminto teu pão, e aos pobres e peregrinos convida-os a tua casa; quando vires ao desnudo, cobre-lo; não fujas deles, que são teus irmãos. Então tua luz sairá como a manhã, e tua saúde mais rápido nascerá, e tua justiça irá à frente de tua cara, e te acompanhará o Senhor» (Is 58,7-8). Deus gosta e espera de nós tudo aquilo que nos leva ao amor autêntico com nossos irmãos.

Cada ano, o Santo Padre João Paulo II nos escrevia uma mensagem de Quaresma. Em uma dessas mensagens, sob o lema «Faz mais feliz dar que receber» (Hch 20,35), suas palavras nos ajudaram a descobrir esta mesma dimensão caritativa do jejum, que nos dispõe —desde o profundo do nosso coração— a prepararmos para a Páscoa com um esforço para identificarmos, cada vez mais, com o amor de Cristo que o levou até a dar a vida na Cruz. Definitivamente, «o que todo cristão deve fazer em qualquer tempo, agora deve fazê-lo com mais atenção e com mais devoção» (São Leão Magno, Papa).

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