quarta-feira, 30 de março de 2016

Dia Litúrgico: Sábado da oitava da Páscoa - Evangelho (Mc 16,9-15) - 02.04.2016

Meditando o Evangelho de hoje

Evangelho (Mc 16,9-15)

Ressuscitado na madrugada do primeiro dia depois do sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, de quem tinha expulsado sete demônios. Ela foi anunciar o fato aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e choravam. Quando ouviram que ele estava vivo e tinha sido visto por ela, não acreditaram. Depois disso, Jesus apareceu a dois deles, sob outra aparência, enquanto estavam indo para o campo. Eles contaram aos outros. Também não acreditaram nesses dois. Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos, enquanto estavam comendo. Ele os criticou pela falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!».

«Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!»
P. Jacques PHILIPPE 
(Cordes sur Ciel, França)

Hoje, confiando em Jesus ressuscitado, temos de redescobrir o Evangelho como “boa nova”. O Evangelho não é uma lei que nos oprime. Alguma vez podemos cair na tentação de pensar que os que não são cristãos estão mais tranquilos do que nós e fazem o que querem, enquanto que nós temos de cumprir uma lista de mandamentos. É uma visão das coisas meramente superficial.

Pessoalmente, uma das minhas maiores preocupações é que o Evangelho se apresente sempre como uma boa nova, uma notícia feliz, que nos encha o coração de alegria e consolo.

Os ensinamentos de Jesus são sem dúvida exigentes, mas Teresa do Menino Jesus ajuda-nos a percebê-los realmente como uma boa nova, uma vez que para ela o Evangelho não é outra coisa senão a revelação da ternura de Deus, da misericórdia de Deus com cada um dos seus filhos, e aponta as leis da vida que levam à felicidade. O centro da vida cristã consiste em acolher com reconhecimento a ternura e a bondade de Deus - revelação do seu amor misericordioso - e deixar-se transformar por esse amor.

O itinerário espiritual seguido por Sta. Teresinha, o “pequeno caminho”, é um autêntico caminho de santidade, um caminho para todos, feito de tal maneira que ninguém pode desanimar, nem os mais humildes, nem os mais pobres, nem os mais pecadores. Teresa antecipa assim o Concílio Vaticano II que afirma com segurança que a santidade não é um caminho excepcional, mas um chamamento para todos os cristãos, do qual ninguém deve ser excluído. Até o mais vulnerável e miserável dos homens pode responder à chamada à santidade.

Esta santidade consiste num «caminho de confiança e amor». Assim, «o elevador que há-de elevar-me até ao céu são os teus braços, Jesus! (…). Tu, meu Deus, superaste a minha esperança, e eu quero cantar as tuas misericórdias» (Santa Teresa de Lisieux).

«Maria Madalena foi anunciar o fato aos seguidores de Jesus, não acreditaram»
P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP 
(San Domenico di Fiesole, Florencia, Italia)
Hoje, o Evangelho nos oferece a oportunidade de meditar alguns aspectos que cada um de nós tem experiência: estamos certos de amar a Jesus, o consideramos o maior dos nossos amigos; não obstante, quem de nos poderia afirmar não tê-Lo traído nunca? Pensemos se, pelo menos alguma vez, não O vendemos mal, por algo ilusório de péssima envoltura. Em segundo lugar, ainda que estejamos freqüentemente tentados a nos valorizar demais como cristãos, porém, o testemunho da nossa própria consciência nos impõe calar-nos e humilhar-nos, imitando o publicano que não ousava nem mesmo levantar a cabeça, batendo-se no peito, enquanto repetia: «Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador» (Lc 18,13).

Dito tudo isto, não pode surpreender-nos a conduta dos discípulos. Conheceram pessoalmente Jesus, apreciaram-lhe suas dotes da mente, do coração, as qualidades incomparáveis de sua predicação. Contudo, quando Jesus já havia ressuscitado, uma das mulheres do grupo —Maria Madalena— «Foi ela noticiá-lo aos que estiveram com ele, os quais estavam aflitos e chorosos» (Mc 16,10) e, ao invés de interromperem as lágrimas e começarem dançar de alegria, não lhe crêem. É o sinal de que nosso centro de gravidade é a terra.

Os discípulos tinham ante eles próprios o anuncio inédito da Ressurreição, e, no entanto, preferem continuar afligindo-se deles mesmos. Pecamos, sim! Traímos-lhe, sim! Celebramos-lhe uma espécie de exéquias pagãs, sim! Depois de bater o peito, joguemo-nos aos seus pés, com a cabeça bem alta, olhando para cima, e... de frente! Em marcha seguindo Ele!, seguindo o seu ritmo. Disse sabiamente o escritor francês Gustave Flaubert: «Acho que se olhássemos sempre para o céu, acabaríamos adquirindo asas». O homem que estava imerso no pecado, na ignorância e na tibieza, desde hoje e para sempre saberá que, graças à Ressurreição de Cristo, «encontra-se como imerso na luz do meio dia». 



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